O depósito judicial é um pagamento realizado em juízo e que pode ocorrer tanto por exigência da lei quanto por uma determinação do juiz do processo. É um mecanismo importante no sistema jurídico, garantindo o cumprimento de obrigações e protegendo os direitos das partes envolvidas em uma lide judicial.
Mas afinal, em que hipóteses o depósito judicial é necessário? Sua exigência acontece por força da lei ou por determinação do juiz? Pode a parte realizar o depósito mesmo sem haver uma exigência? E o que acontece depois que o depósito é realizado?
São muitas as dúvidas acerca do tema, não é mesmo? Por isso, neste texto, vamos explicar o que é depósito judicial, quais as modalidades existentes no ordenamento jurídico e como proceder para realizá-lo. Portanto, se você deseja ter um entendimento claro sobre o depósito judicial, acompanhe este artigo conosco!
O que é depósito judicial?
O depósito judicial consiste na entrega de dinheiro, bens ou valores ao poder judiciário. Sim, embora o mais comum seja o depósito em dinheiro, que é a que vamos nos ater neste texto, é importante saber que existem outras modalidades de depósito judicial.
A existência desse procedimento no direito é baseada no princípio da igualdade. Isso porque, assim como o credor tem o direito de exigir a obrigação, o devedor possui o direito de cumpri-la.
Para que serve o depósito judicial?
O objetivo do depósito judicial é funcionar como uma garantia de pagamento durante o andamento de uma lide processual. Assim, seja por exigência do juiz, ou por determinação da lei, a parte devedora realiza o depósito para garantir que, caso haja sentença em favor do credor, a obrigação será cumprida.
Em resumo, podemos dizer que o instituto tem o objetivo de evitar a inadimplência do pagamento pela parte devedora, ou o popular “calote”.
Quando é cabível o depósito judicial?
O depósito judicial pode ser utilizado em qualquer processo em que esteja sendo discutida uma obrigação de pagamento de uma parte à outra, sempre que o juiz entender que há risco de o pagamento, ao final, não ser efetivado ou se a própria parte optar por depositar o valor discutido como forma de garantia do juízo.
Vale ressaltar, portanto, que depósito judicial não é algo automático do processo. Mas sim um instituto solicitado pelo juiz quando existem razões suficientes para crer que o devedor não cumprirá com a sua obrigação.
Por outro lado, também existe o depósito judicial exigido por lei, a exemplo do que acontece na Justiça do Trabalho. Nesta esfera, o depósito judicial é um pressuposto recursal, ou seja, é um depósito que as empresas demandadas em um processo devem realizar para que o recurso seja aceito.
Entendendo o processo de depósito judicial
Agora que já entendemos a definição de depósito judicial, e qual seu objetivo, vamos passar ao procedimento propriamente dito. Ou seja, como é feito um depósito judicial na prática. Para tanto, iremos seguir algumas disposições da Lei Complementar 151/2015, que traz disposições acerca do tema.
Como é feito o depósito judicial [Passo a passo]
De acordo com o Art. 2º da LC 151/2015, os depósitos judiciais devem ser realizados em instituições financeiras oficiais públicas, em uma conta específica que fica sob custódia da Justiça.
O depósito judicial é feito através de guia específica, disponibilizada pelo tribunal ou emitida pelo devedor na própria instituição financeira. É necessário utilizar o banco designado, seguindo as instruções do processo.
Uma vez realizado, os recursos só poderão ser resgatados com ordem judicial, através de um alvará expedido pelo juiz.
Quais bancos podem receber depósito judicial?
Tendo em vista o estipulado no Art. 2º da LC 151/2015, que determina a escolha de bancos oficiais públicos, geralmente ocorre o depósito judicial no Banco do Brasil e depósito judicial na Caixa Econômica Federal.
Como é feito o depósito judicial BB?
Todo o procedimento, incluindo a emissão da guia de depósito judicial, está disponível no próprio site da instituição.
Como é feito o depósito judicial Caixa?
No site da instituição, basta acessar Serviços para o Judiciário e conferir todo o procedimento de emissão de guia de depósito judicial.
Como sacar o valor?
Ao final do processo o juiz irá permitir o saque dos valores em depósito, seja a favor do credor ou do devedor. Para tanto, irá expedir o chamado Alvará de Levantamento.
Expedido o alvará, o procurador da parte receberá uma intimação para retirar o alvará e sacar o valor na instituição financeira. Por óbvio, em que pese o alvará sair em nome do advogado da parte, ele é apenas o representante que irá receber o montante e repassá-lo ao cliente.
Quanto tempo leva para liberar um depósito judicial?
Não é possível dizer com exatidão quanto tempo leva para liberação do dinheiro depositado em juízo. Afinal, esse período irá variar de acordo com a duração do processo, pois no geral a liberação ocorre apenas após o término da lide.
Qual a taxa de juros para depósito judicial?
A questão da taxa de juros incidente é tema bastante controverso e que merece atenção tendo em vista as diversas disposições a respeito. Vamos à análise de cada uma delas:
- É fato que cabe às instituições financeiras responsáveis pelos depósitos judiciais promover a atualização monetária dos valores. É o que dispõe a Súmula 179 do STJ;
- No âmbito da Justiça Estadual Paulista, por exemplo, a remuneração do depósito segue a correção da Caderneta de Poupança (Comunicado 1.969/2012, da Corregedoria Geral de Justiça);
- Na Justiça Federal, utiliza-se a atualização pela taxa SELIC, de acordo com a Lei 9.250/1995. Entretanto, as matérias de natureza não tributária, seguem os índices de correção da Caderneta de Poupança, conforme regra do artigo 11, § 1º, da Lei 9.289/1996.
Tipos especiais de depósito judicial
Além do depósito judicial exigido pela lei, ou determinado pelo juiz, também temos o depósito judicial voluntário e o depósito judicial consignado. A seguir, veremos do que se trata cada uma dessas modalidades.
O que é o depósito judicial voluntário
Como o próprio nome indica, o depósito judicial voluntário ocorre quando a parte devedora do processo decide realizar o depósito de forma espontânea. Ou seja, mesmo que não haja uma obrigação legal, ou ordem judicial, a parte toma a iniciativa de depositar em juízo os valores devidos.
Ao realizar a ação voluntária, a parte geralmente busca obter alguns benefícios, como o reconhecimento de sua boa-fé, o cumprimento da obrigação e a não ocorrência de prejuízos como multas, juros, penhora e medidas coercitivas.
É essencial destacar esses benefícios para uma compreensão precisa do depósito judicial voluntário. Afinal, esse pode ser equivocadamente interpretado como um reconhecimento de dívida, o que não é o caso. Ao efetuar o depósito por vontade própria, a parte não está automaticamente admitindo o direito reivindicado pelo autor, mas sim protegendo seu patrimônio dos efeitos do processo judicial.
O que é um depósito judicial consignado
Pode acontecer do devedor querer efetuar o pagamento de uma dívida e não conseguir por motivo alheio à sua vontade. Seja porque não se sabe quem é o credor, ou até mesmo por este estar dificultando o cumprimento da obrigação.
Nesses casos, acontece o Pagamento em Consignação, instrumento previsto no artigo 334 do Código Civil. Assim, prevê a lei que “considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais”.
O artigo 335 do Código Civil, por sua vez, dispõe as hipóteses de cabimento da consignação:
- se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
- se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou ainda residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
- se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
- se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
A Ação de Consignação
Ocorrendo alguma das hipóteses previstas no Art. 335 do Código Civil, o devedor pode ingressar com a chamada Ação de Consignação. Este procedimento está previsto no Art. 539 e seguintes do Novo Código de Processo Civil.
Assim, na petição inicial, o autor irá requerer o depósito da quantia ou da coisa devida e também a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios.
Vale lembrar que, no âmbito das locações, a consignação em pagamento segue um rito próprio, estabelecido pela Lei nº 8.245/91, que dispõe sobre as locações de imóveis urbanos. Portanto, o locatário poderá, em hipótese de mora do credor, consignar judicialmente os valores correspondentes aos aluguéis e aos acessórios da locação.
Conheça as aplicações práticas do depósito judicial
Ações de cobrança
É uma das hipóteses mais comuns de incidência do depósito judicial, uma vez que oferece uma alternativa para as partes envolvidas lidarem com disputas relacionadas a dívidas.
Ele pode ser utilizado para resolver controvérsias sobre o valor devido ou a legitimidade do credor ou como uma forma de cumprir a obrigação principal enquanto se aguarda a resolução de questões acessórias.
Processos trabalhistas
Como falamos no tópico anterior, na Justiça Trabalhista o depósito judicial é obrigatório quando uma empresa sofre condenação e opta por recorrer da sentença de primeiro grau. Nesse caso, é também chamado de depósito recursal.
Pagamento de tributos
A exigência do depósito judicial também pode ser uma forma de garantir o pagamento de débitos tributários lançados pelas Secretarias de Fazenda Federal, Estadual, Municipal ou Distrital, e que estão sendo contestados em um processo judicial.
O depósito judicial pode ser substituído por seguro garantia?
O seguro garantia é uma opção bastante utilizada quando é preciso apresentar garantias em processos judiciais, seja na esfera trabalhista, cível ou ainda de execução fiscal.
Explicando de uma forma resumida, o seguro garantia judicial visa garantir que a parte que obtiver êxito no processo receberá a quantia acordada no momento do cumprimento da sentença. Assim, a seguradora garante o pagamento do valor, sem que a parte tenha que desembolsar o montante.
Via de regra, o seguro garantia judicial pode ter uso tanto em processos onde o depósito judicial será uma exigência, quanto para substituir o depósito que já ocorreu.
Outro ponto importante é que o seguro garantia equivale a dinheiro e pode ainda substituir a penhora, conforme dispõe a legislação e os diversos entendimentos dos tribunais.
Quais os benefícios de utilizar um seguro garantia judicial?
Para empresas que contratam o seguro garantia judicial, uma das principais vantagens está na liberação do fluxo de caixa. Ou seja, é uma ferramenta que permite a conservação do patrimônio da pessoa jurídica durante todo o processo judicial.
Além disso, ao apresentar uma garantia como o seguro, é possível evitar o bloqueio de recursos ou penhora de bens quando há exigência de depósito judicial. Assim, a empresa pode dispor livremente dos valores que estariam indisponíveis.
Por fim, contratar um seguro garantia judicial é fácil e rápido, com a emissão da apólice acontecendo em apenas algumas horas.
Conclusão | O que vimos sobre depósito judicial
Em suma, o depósito judicial desempenha um papel fundamental no sistema jurídico, fornecendo segurança e garantia nas relações processuais. Como vimos ao longo deste texto, ele pode ser necessário em diversas situações, seja por exigência legal ou por determinação do juiz, visando o cumprimento de obrigações e a proteção dos direitos das partes envolvidas.
Além disso, é importante destacarmos a possibilidade de realizar o depósito voluntariamente, mesmo sem uma exigência expressa. Neste caso, o instituto vai muito além da garantia de cumprimento das obrigações, sendo também uma forma do devedor proteger o seu patrimônio.
Outro ponto fundamental é vislumbrar a possibilidade de substituir o depósito judicial pelo seguro garantia judicial. Afinal, de acordo com a legislação vigente, o seguro garantia judicial tem os mesmos efeitos legais que o dinheiro para fins de garantia processual.
Quer saber mais sobre depósito judicial e as vantagens do seguro garantia judicial? Fale com a Mutuus! A equipe está preparada para ajudar a encontrar a melhor apólice para você e assim minimizar os custos da apresentação da garantia!
Estou tentando pagar um financiamento que fiz pra terceiros e o mesmo não pagou e o valor cobrado é alto pra mim. então procuro uma saída pra que eu consiga resolver, minha cabeça já está doente e não sei como resolver
Procure um advogado. Ele poderá te orientar sobre a melhor maneira de proceder